sábado, 29 de dezembro de 2012

On 16:48 by papa   No comments

hobbit
Bolo de sementes, cerveja escura, carne de porco salgado, hidromel, cogumelo, vinho, ovos, bolo de mel, ensopado, queijos. A demasiada paixão de Tolkien pela comida talvez deu-se pelo tempo em que o autor passou nas trincheiras durante a Primeira Grande Guerra, ou pelo racionamento de alimentos durante o período da Segunda Guerra Mundial – não sabe-se ao certo. Entretanto, essa paixão alimentícia contagia qualquer bom apreciador dos livros de J. R. R. Tolkien. Não somente a comida, como também todas as características das histórias tolkienianas são contagiantes e magníficas; e Peter Jackson sabe exatamente como captar esse espírito, feito que realizou com êxito em O Hobbit.
A nova película do diretor australiano é baseada no livro que Tolkien escreveu para seus filhos, o qual descreve a vida pacata de Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) em sua toca-hobbit localizada no Condado, até o aparecimento do mago Gandalf (Ian McKellen) que induz o pequeno hobbit a partir em uma aventura, fato esse extremamente perturbador, pois “aventuras atrasam você para o jantar.” O filme desenrola-se em cima da viagem extraordinária de Bilbo e seus companheiros anões em direção a Montanha Solitária, lugar que outrora pertencera ao Rei Sob a Montanha, onde vive o ganancioso e temido dragão vermelho, Smaug (Benedict Cumberbatch).
O filme em si, é fascinante. Apesar de não seguir fielmente o livro (afinal, os roteiros de filmes nunca seguem os livros inteiramente, pois algumas adaptações devem ser feitas das páginas para as telas), o roteiro de O Hobbit capta a essência de Tolkien e não altera exorbitantemente a história original, uma vez que somente explora personagens existentes e mencionados no próprio livro ou até mesmo em outros do autor. A fluidez do texto segue-se durante todo o filme e muitos são os momentos no qual o humor inteligente de Tolkien destaca-se, como nos trocadilhos de “Bom dia” na conversa inicial entre Gandalf e Bilbo, ou ainda, nas adivinhas no escuro quando Bilbo pede “Tempo, tempo”.
Já os detalhes cativam a atenção e não permitem distrações. Por exemplo, a casa de Bilbo mostra-se idêntica à descrição inicial e sua forma capturou a ideia de proximidade entre os anões (exceto Thorin, que revela-se sempre superior, como no livro) quando mostra-se apertada, aconchegante e farta em comida. As vestimentas transportam o espectador diretamente a Terra-média e os cenários são excepcionalmente deslumbrantes, assim como em Senhor dos Anéis.
Os efeitos visuais utilizados no filme intensificaram-se desde a filmagem do último Senhor dos Anéis, destacando-se, no novo longa, a aparência verdadeira e os enormes olhososs de Gollum, interpretado brilhantemente por Andy Serkis, o dragão Smaug (mostrado de relance em um plano fechado ao final do filme), o visual grotesco e pavoroso dos Orcs, a natureza nojenta dos Trolls e, também, a luta entre os Golens de pedra.
Com isso, observou-se que, em O Hobbit, Peter Jackson optou por filmar em 48 fps*, fato esse que levou o filme a apresentar uma realidade verossímil que, somada aos planos em primeira pessoa, faz com que o espectador sinta-se verdadeiramente dentro da projeção. Também é necessário destacar que a trilha sonora está fantástica, como sempre. As cenas protagonizadas e cantadas pelos anões são surpreendentes e como qualquer pessoa que já leu O Hobbit imaginou.
* O número de frames por segundo (fps) padrão do cinema é de 24, ou seja, durante sua projeção transformam-se em 48 fps, pois o valor dobra. Com isso, a ousada escolha de Peter Jackson fez com que O Hobbit fosse projetado em 96 fps e decorresse extremamente realista.
Por fim, ressalto que O Hobbit é um filme extraordinário e todo nerd (seja hobbit, anão, elfo ou mago) deve ter a chance de assistir a esse longa para libertar-se um pouco do mundo das “Pessoas Grandes” e embarcar em uma jornada totalmente inesperada.

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