sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

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Cientistas do Reino Unido receberam autorização para editar embriões humanos. Eles vão modificar geneticamente os embriões e assistir seu desenvolvimento por até sete dias, em uma tentativa de descobrir o que influencia abortos naturais.
O procedimento controverso será realizado no Instituto Francis Crick, em Londres, na Inglaterra, e de início apenas 30 embriões participarão do estudo.

Sinal verde

A Autoridade de Fertilização e Embriologia Humana do Reino Unido (HFEA, na sigla em inglês) – que regula todas as clínicas que oferecem fertilização in vitro e armazenam esperma, óvulos e embriões – foi quem deu o sinal verde para o estudo.
No entanto, a edição genética não ocorrerá até ter a aprovação de um comitê de ética, que deve sair até março.
As normas da pesquisa serão rigorosas, no entanto. A edição de genes será permitida, mas continua ilegal implantar qualquer embrião editado em uma mulher.

A pesquisa

A Dra. Kathy Niakan, do Instituto Francis Crick, será a principal pesquisadora do estudo. Ela está interessada em descobrir quais genes estão envolvidos no desenvolvimento de embriões humanos, e como eles podem levar à infertilidade e abortos.
Estima-se que, de 100 ovos fertilizados, cerca de metade falham nos estágios iniciais de desenvolvimento, enquanto apenas cerca de 25 implantam no útero. Suspeita-se, a partir de estudos com ratos, que mutações genéticas desempenham um papel no sucesso ou não de um embrião.
O estudo vai usar embriões doados por casais passando por tratamento de fertilização in vitro que têm um excedente de embriões.
Os cientistas vão em seguida usar uma técnica de edição de genes conhecida como CRISPR-Cas9, que permite a identificação precisa, remoção e inserção de genes específicos. Neste caso particular, irá envolver um gene conhecido como OCT4, previamente implicado no desenvolvimento de embriões saudáveis em ratos.
Ao ativar e desativar este gene, os pesquisadores poderão observar como isso afeta o desenvolvimento embrionário precoce em humanos. Eles irão permitir que o embrião se desenvolva durante sete dias, até que seja composto de cerca de 250 células.

Medos

Enquanto muitos cientistas gostaram da decisão britânica, inevitavelmente, alguns grupos têm expressado preocupação.
No ano passado, por exemplo, 150 cientistas, ativistas e especialistas em saúde assinaram uma carta aberta alertando que a edição genética de embriões humanos “irrevogavelmente altera a espécie humana”, já que essas modificações podem ser passadas ao longo de gerações.
A nova pesquisa não corre esse perigo, no entanto, uma vez que os embriões editados não serão implantados.
“A decisão da HFEA é um triunfo para o bom senso”, disse Darren Griffin, professor de genética na Universidade de Kent. “Embora seja certo que a perspectiva de edição de genes em embriões humanos levanta uma série de questões éticas e desafios, o problema foi tratado de uma forma equilibrada. É claro que os benefícios potenciais do trabalho proposto superam os riscos previstos”. 

Fonte: IFLS

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