domingo, 4 de agosto de 2013

On 17:33 by papa in , , , ,    No comments
print

Semana passada fomos premiados com mais um “novo meme” sem noção da Internet, criado a partir do episódio da “blogueira da Capricho” que tentou furar a fila de uma casa noturna paulistana e acabou sendo expulsa, o que resultou em uma extensa reclamação no seu mural de Facebook e um grande motivo de piada entre os internautas. Como todo mundo gosta de ver esse pessoal que acha que é o “dono do mundo” se dar mal, o post viralizou rapidinho, chegando a tudo que é canto da Internet e até, como era de esperar, aparecendo em alguns programas de fofoca da TV (que adoram roubar uma pauta da Web). Essa disseminação exagerada também levantou outro debate entre os internautas: “Quem realmente é VIP?”.

Amigo leitor, sinceramente, acho que desde que coloquei os pés em terras googleanas nunca havia visto tantos disparates! Os internautas, na ânsia de provar que os seus “pontos de vistas”estavam certos, inventaram e rolaram em cima de tolices e falácias para afirmar quem REALMENTE era VIP! E vendo isso, resolvi que já era hora de entrar na discussão e explorar o assunto: “O QUE É SER VIP?”. Vamos aos fatos!

V.I.P. é uma sigla da expressão inglesa “Very Important Person” atualmente designada à“pessoas importantes” (logo vocês irão entender o porquê das aspas), influentes ou altos funcionários com privilégios especiais. O termo nasceu com os aristocratas russos, imigrantes na República Francesa que haviam perdido os seus títulos, mas não a pose: eles queriam continuar a ter os seus privilégios e então o “весма именитая персона” (vesima imenitaja persona) apareceu e posteriormente, na década de 20, terminou se espalhando por todo ocidente. O “VIP” começou a ser utilizado como artifício de segregação, atribuindo à aquelas pessoas algum tipo de status de superioridade. No entanto, assim como a maioria dos conceitos utilizados pelas grandes massas, não foi aplicado qualquer tipo de criticidade ao desenvolvê-lo. Basta ver o significado da sigla para percebemos que estamos lidando com uma visão distorcida sugerida por uma elite que quer reconhecimento e mérito à qualquer custo – que consequentemente levam à privilégios – mesmo que não tenham nenhum.

Quando falamos em “importância”, estamos trabalhando com um termo completamente relativo. Importante para quem e por quê? Certamente, o “quem” é a sociedade, pois no que tange o termo sabemos que o mesmo é voltado para o âmbito social. Resta saber o “porquê”. Nessas horas que a prática nos mostra contrária ao sentido das palavras: a expressão é aplicada geralmente à quem tem dinheiro ou certo tipo de influência, o que não necessariamente tornaria essa pessoa importante para sociedade ou para o meio social onde temporariamente se encontra presente. É nesse ponto que chegamos na “visão imposta pela elite” do qual comentei anteriormente. A elite percebeu que o fato de ter dinheiro não acarreta a condição de que tal pessoa, detentora de posses, é para a sociedade alguém importante e isso certamente deve incomodar muita gente. Como já diria Maslow, o ser humano necessita de reconhecimento – item que faz parte do quarto estágio da Hierarquia das Necessidades, integrante do grupo Estima – para alcançar a sua Realização Pessoal – o topo da Pirâmide das Necessidades. Porém, para obter o reconhecimento é necessário trabalho, é necessário empenho, é necessário determinação e, convenhamos todo esse esforço não agrada muita gente. Todo mundo hoje em dia quer alcançar o sucesso e a glória de modo fácil, rápido e imediato! Logo, a expressão V.I.P. não passa de um embuste, uma tentativa de enganar um grupo de pessoas, fazendo-as acreditar que algo falso é real, nesse caso, a importância que essa pessoa quer ter e não têm!

Existe uma distorção culturalmente enraizada na sociedade que diz que todo aquele que possui poder econômico ou político é necessariamente importante. Ter dinheiro te dá importância? Ter poder te dá importância? Pode ser que sim, tudo vai depender da AÇÃO. É a ação que determina seu grau de importância. Quando você atende uma necessidade social de grande, média ou pequena escala, você obtém importância social. Sim, é através de contribuições que você como cidadão realiza para o bem comum ou através do atendimento de uma necessidade de um meio que acontece o acumulo da importância. Ter dinheiro não muda em nada o seu nível de importância, ele pode facilitar seu acesso à importância social mas não é algo instantâneo como muitos pensam. Como disse, tudo vai depender das suas ações em utilizar esse conjunto de elementos adquiridos.

Imagino que esse pensamento é uma realidade perturbadora para a classe elitista encarar, eles querem ser diferentes de algum modo, querem ser superiores de algum jeito mas dinheiro não compra à maioria das coisas que poderiam lhe atribuir importância na sociedade, então a saída mais fácil é apelar para um embuste.

Desse modo, não poderia concluir de outra maneira esse texto senão respondendo a questão que intitulou o próprio: Ser esse tipo de “VIP” é se aproveitar de um embuste numa tentativa desesperada por angariar “importância” perante à sociedade, pois certamente não conseguiria qualquer reconhecimento ou mérito sem utilizar tais artifícios.  Por fim, só posso sentir pena e torcer para que essas pessoas tão vazias, que necessitam desse tipo de falso status, um dia eliminem suas futilidades que as tornam tão inúteis e venham realmente buscar importância contribuindo de forma significativa ao social. Quem sabe elas passem à ter verdadeiramente importância, já pensou, seria legal, não? Ou mudem a expressão para “Pessoas com muito Dinheiro”, faria mais sentido no contexto (lembrando que uma pessoa com muito dinheiro nada mais é que um indivíduo com muito papel moeda ou muitas casas decimais positivas em um registro de um banco, o que ela vai fazer com esse dinheiro e de que forma irá fazer é o que tornará ela importante ou não do ponto de vista social).

0 comentários:

Postar um comentário