sábado, 5 de outubro de 2013
“Mamilos”, vulgo polêmica, é o que você encontrará nesse post. Dessa vez foi atrás das histórias controversas que cercam figuras famosas do nosso cotidiano e históricas. Devemos ressaltar que, embora muito do que seja apresentado aqui tenha embasamento investigativo por parte de estudiosos no assunto, o objetivo não é afirmar ou desfigurar as figuras em si, mas propor os temas para discussão dos internautas. Até aonde aquilo que você conhece é real? Até aonde é ilusório? Será que tudo que te contam não é minuciosamente planejado para agradar? Será que as figuras que tanto amamos são realmente aquilo que nos apresentaram? Todas essas questões serão levantadas no post.
Obs:. Apenas peço à aqueles que decidirem se aventurar nele, mantenha a calma na hora de comentar. Comentários exaltados e falaciosos ao estilo Ad Hominem serão deletados. Se atenham aos argumentos e tenha em foco o texto.
30. Madre Teresa de Calcutá, santa?
Madre Teresa de Calcutá é considerada uma santa. Assim a opinião pública decidiu — e daí para a frente sua santidade não foi mais questionada, fizesse ela o que fizesse. Pelo contrário, suas ações passaram a ser julgadas com base em sua reputação e não o contrário. Até o Vaticano, que via suas esquisitices com reservas, devido a seu tradicionalismo e oposição às mudanças introduzidas pelo Concílio Vaticano II, aceitou o “fato” e passou a capitalizar sobre sua imagem.
O papa João Paulo II abriu o processo de sua beatificação a partir de um “milagre” ocorrido na Índia pouco tempo após sua morte, sem esperar os 7 anos regulamentares. A mídia americana evita criticá-la, por medo de serem acusados de conspiração com os judeus.
Mas a verdade, que as pessoas preferem não saber, é que ela era uma fanática religiosa, de extrema direita, e o melhor que podemos supor a seu respeito é que ela acreditava no que fazia — mas também acreditava que os fins justificam os meios.
A imagem que ficou dela é muito positiva. Talvez inspire favoravelmente as pessoas. Talvez as leve a lutar para fazer deste mundo um lugar melhor, a ser como elas pensam que foi Madre Teresa. Mas a verdadeira Madre Teresa não foi necessariamente uma santa. Assim como grande parte dos santos da Igreja Católica, sua fama provelmente se baseia mais em mitos que em realidade.
Madre Teresa nasceu na Albânia e seu verdadeiro nome era Agnes Bojaxhiu. Sua organização, as Missionárias da Caridade, tem 4.000 freiras e 40.000 voluntários leigos. Sua fama começou com um filme sobre sua vida (e mais tarde um livro, “Something Beautiful for God”) feito pelo político inglês Malcolm Muggeridge em 1969. Malcolm era extremamente crédulo e se encantou com ela, a ponto de ver milagres ocorrendo durante as filmagens, como uma “aura” que apareceu no filme, na verdade o resultado do uso durante o dia de uma película mais apropriada para filmagens noturnas. Mas ele não quis saber de explicações técnicas…
O inglês Christopher Hitchens preparou um documentário sobre suas atividades, com farto material filmado, transmitido pela BBC, e publicou um livro em 1995, “The Missionary Position: Mother Teresa In Theory And Practice”, onde chega à conclusão de que ela apoiava os ricos e poderosos e tudo lhes perdoava, enquanto pregava obediência e resignação aos pobres. Seu trabalho provocou muitas reações de repúdio. Seus críticos citaram abundantemente os Evangelhos e o acusaram de crueldade com uma mulher idosa, santa e humilde — mas em nenhum momento contestaram os fatos apresentados.
O livro cita, por exemplo:
- Sua abjeta bajulação a todas as ditaduras sangrentas do mundo, principalmente as direitistas, como a de Franco, na Espanha, os Duvalier, no Haiti, Enver Hoxha, na Albânia e os esquadrões da morte na Nicarágua e Guatemala. Há registros em filme de suas visitas a esses países e do modo servil como posava ao lado de seus ditadores (ou levava flores para seus túmulos).
O modo como aceitava dinheiro e favores de ladrões e corruptos. Um dos casos mais famosos é o de Charles Keatings, do Lincoln Savings and Loan, da Califórnia. Charles era um católico fundamentalista. Foi condenado a 10 anos de prisão por roubar em torno de 252.000.000,00 dólares de 17.000 fundos de aposentadoria de gente humilde. Mas deu a ela mas de um milhão de dólares e lhe emprestava com frequência seu avião particular. Em troca, ele fazia uso de seu prestígio como “santa”.
- Quando a fraude — e os donativos — foram descobertos, ela enviou ao juiz (Lance Ito, o mesmo do caso O. J. Simpson) uma carta no estilo “freirinha ingênua”, bem diferente de seus outros escritos, em que pintava o acusado como um homem bom que sempre ajudara os pobres. Pedia ao juiz que olhasse no fundo de seu coração antes de emitir seu julgamento e se perguntasse o que Jesus faria naquele caso. O promotor, Paul W. Turley, respondeu-lhe explicando que o dinheiro que ela tinha recebido era produto de roubo e deveria ser devolvido, já que representava as economias de toda a vida de milhares de pessoas humildes. E perguntava a ela o que Jesus faria se recebesse um dinheiro como aquele. Não teve resposta.
- Quando a Irlanda organizou um referendo popular para decidir a continuidade ou não da proibição ao divórcio, Madre Teresa voou até lá e fez veementes discursos exortando o povo a votar a favor da proibição. Entretanto, quando sua amiga, a princesa Diana, se divorciou, ela declarou publicamente: “Foi melhor assim. Ela não era feliz nesse casamento”. Fica a dúvida se, neste caso, ela falou com o coração ou se, para os poderosos, tudo é permitido. Quando a fábrica da Union Carbide explodiu em Bhopal, matando milhares de pessoas, ela saiu pelo país dizendo: “Perdoem, perdoem, perdoem”. Tudo bem se perdoar a negligência de uma multinacional. Mas, aparentemente, não há perdão para uma pobre mãe que se divorcia do marido bêbado que a espanca e abusa dos filhos.
- Ela sempre foi radicalmente contra todo e qualquer controle da natalidade. Quando lhe perguntaram se não nasciam crianças demais na Índia, ela respondeu: “Não concordo. Deus sempre provê. Provê para flores e os pássaros, para tudo o que ele criou. E as criancinhas são sua vida. Nunca nascerá o bastante”. É de se perguntar qual a função das Missionárias da Caridade, neste caso.
- As pessoas enviavam a ela milhões e milhões de dólares em donativos para que ela construísse seus hospitais. Apenas numa conta nos EUA, havia mais de 50 milhões de dólares. O resto estava espalhado pelo mundo (menos na Índia, onde ela teria que prestar conta pelo que recebia). Entretanto, esse dinheiro era usado para construir novos conventos da ordem pelo mundo. Quando ela morreu, as irmãs já estavam instaladas em 150 países. Seus hospitais eram, na verdade, galpões rústicos e mal equipados onde as pessoas iam para morrer. Não havia médicos nem higiene e os “diagnósticos” eram feitos por leigos, como as irmãs e os voluntários. E não havia interesse em se encaminhar os doentes para hospitais de verdade. A idéia era a de que se deitassem nas macas ou no chão e sofressem até morrer. Em todos eles havia um quadro na parede que dizia: “Hoje eu vou para o Céu”. Faltava morfina, anestésicos e antibióticos. Apesar dos milhões nos bancos, que permitiriam a contrução de hospitais-modelo, a economia era a palavra de ordem. As injeções, quando havia o que injetar, eram feitas com agulhas lavadas na torneira e que eram usadas até ficarem rombudas e provocarem enorme sofrimento nos doentes. Penalizadas, as voluntárias pediam dinheiro para comprar agulhas novas mas as irmãs insistiam na virtude da pobreza. E quando uma irmã ficava doente? “Reze”, era a resposta.
Aliás, Madre Teresa dava grande importância ao sofrimento. Dizia que o sofrimento dos pobres purificava o mundo e que eles davam um belo exemplo (e, naturalmente, não fazia nada para reduzí-lo). Será que alguém perguntou a opinião dos pobres? Note-se, contudo, que quando ela própria ficava doente, corria a internar-se nos melhores e mais caros hospitais, jamais em suas “Casas de Moribundos”.
- Para sermos honestos, Madre Teresa nunca afirmou que seu objetivo era dar assistência médica. São as pessoas que se auto-iludem. Assim, elas têm a quem enviar seus donativos, sem perguntar o que é feito deles, e podem aliviar sua própria consciência e seu sentimento de culpa pela pobreza do Terceiro Mundo. É claro que Madre Teresa nunca fez nada para desmentir esta falsa impressão.
- Madre Teresa dizia que a AIDS era o castigo de Deus por um comportamento sexual inadequado (o que não explica por que esposas fiéis também pegam AIDS de seus maridos e crianças pegam de suas mães).
- Apesar de toda sua fortuna, Madre Teresa insistia em manter a imagem de uma ordem de irmãs pobres e mendicantes. Tudo tinha que ser mendigado a cada dia: comida, roupas, serviços. Se a coleta fosse pequena, comia-se menos. Em certa ocasião, as irmãs receberam um grande carregamento de tomates e, para que não se estragassem, fizeram extrato. Foram severamente repreendidas por Madre Teresa: “Quem guarda comida de um dia para o outro, está duvidando da Providência Divina”.
- Ela procurava manter uma imagem pública de pessoa humilde — mas não via nada de mais em aceitar as ofertas para viajar de primeira classe que as linhas aéreas lhe faziam. E foi assim que ela viajou a Roma para o seu primeiro encontro com o papa. Ao desembarcar, vestiu seu humilde sari e tomou um ônibus. É claro que, no dia seguinte, todos os jornais a retrataram como a freirinha humilde que andava de ônibus e se vestia pobremente, sem se perguntar como é que ela teria conseguido viajar até a Itália.
- Agora o Vaticano quer beatificá-la às pressas, sem esperar que se passem os 7 anos regulamentares de sua morte para iniciar o processo. E o milagre que foi aceito como evidência de sua santidade é, no mínimo, supeito: Monica Besra, 30 anos, analfabeta, da aldeia de Dangram, a noroeste de Calcutá, em 1998, um ano após a morte de Madre Teresa, se disse curada de um tumor no ovário após tocá-lo com uma medalha da “santa”.
- Os médicos do hospital Balurghat afirmam que a cura foi resultado do tratamento a que ela foi submetida e nem seu marido, Seiku Murmu, acredita nela. Em agosto de 2001 o “milagre” foi informado ao Vaticano e aceito duas semanas depois, tendo início o processo de beatificação. A irmã Betta, das Missionárias da Caridade, pediu para ver o prontuário da paciente, onde sonografias e relatórios mostravam a evolução do tratamento, e agora se recusa a devolvê-lo ou a fazer comentários.
FONTE: http://padom.com.br/madre-tereza-gandhi-ou-o-dalai-lama-bondosos-mas-nao-santos/
29. Tiradentes, héroi?
Você conhece a História do nosso país? Se você disse sim e não é um historiador e não foi atrás para saber qual é a verdade dos fatos, provavelmente você se enquadra no grupo de brasileiros que foram ensinados pelo péssimo sistema de Ensino, que não se atualiza, mesmo sabendo das distorções dos acontecimentos históricos mais do que comprovadas, tal como a inexistência do grito do Ipiranga e a proclamação da Independência, da criação do mito do Alejadinho e nesse caso, o marketing e alterações que tornaram Tiradentes um dos maiores enganos da nossa tão corrompida História.
É mais do que historicamente provado que a figura romântica e liberal (proto-revolucionária, eu diria) de Tiradentes é uma invenção das mentes construtoras do ideal republicano brasileiro. Afinal, que regime poderia resistir por muito tempo sem alguns pares de “criaturas fantásticas”, enfim, sem as abstrações de grandeza e heroísmo de alguns dos seus supostos “mártires”? Desde a religião até a política, é necessário que, para que haja certa “sagração” do novo status nacional, existam símbolos paupáveis e objetos de “devoção”. Tiradentes é um destes, aliás, é uma farsa… Já li por aí que ele, na verdade, não era um dentista do século XVIII, antes, era um ladrão de dentes de ouro das “covas dos mortos” (parafraseano Victoria de Vilarroel)…
Eis um interessante e profundo artigo do Dr. Otto de Alenxar de Sá Pereira, livre-docente da Universidade Católica de Petrópolis e um dos principais líderes monárquicos do Brasil:
TiradentesPor Otto de Alencar de Sá-PereiraTiradentes é um dos mais graves enganos da História, contada a partir da república. Há algumas décadas passadas celebrava-se o 21 de abril. Nada mais justo: descobrimento do Brasil: Agora não. O 21 de abril passou há um dia qualquer desapercebido de comemoração, fazendo o povo esquecer-se da data. E aí passou-se a celebrar o 22 de abril de abril: Tiradentes! Mas, por que Tiradentes? O Império tivera, em sua história, muitos ícones a comemorar. Além de D. Pedro I, de D. Pedro II, de D. Leopoldina, de D. Amélia, de D. Thereza Christina e da Princesa Isabel, o Império tivera Caxias, Osório, Tamandaré, Barroso, Porto Alegre, Zacarias de Góes e Vasconcellos, Paraná, Paulo Barbosa, Ouro Preto, Alencar, Castro Alves, Amoedo, Gonçalves Dias, Silveira Martins, Ferreira Viana, Carlos Gomes, Mena Barreto, Pirajá, etc. etc. etc.
A República precisava também de um ícone. Deodoro… nem pensar! Arrependera-se de ter proclamado a República e era amigo do Imperador. Floriano Peixoto? Credo em Cruz! Mandou passar a fio da espada, 400 guardas-marinha da Esquadra Imperial, na Revolta da Armada. Prudente de Morais? Não. Chacinou Antônio Conselheiro e todos de Canudos. Campos Salles? Rodrigues Alves? Affonso Penna? Não poderiam servir. Antes da República, eram Conselheiros do Império. Barão do Rio Branco? Como um ícone da República pode ser um Barão? Jamais. Santos Dumont? Era amigo íntimo da Família Imperial no exílio de Paris. Oswaldo Cruz? Foi um grande médico, sanitarista, do período republicano, mas discípulo de outro médico, o Barão de Motta Maia, que acompanhou a Família Imperial, no exílio.Marechal Rondon? Talvez, mas tinha sangue e cara de índio! Washington Luís? Foi deposto por Getúlio, não serve também. Quem sabe, o próprio Getúlio? O homem dos trabalhadores. Mas… como, ícone de uma República que se diz liberal e democrática… um ditador? Amigo de Hitler, de Mussolini e de Plínio Salgado, que, por sinal, traiu? Juscelino? Fez Brasília! Mas acelerou a inflação e tinha cara de palhaço. Também não serve. Jânio Quadros? Era louco! Mas, então quem? Não há ninguém? Será possível? Villa-Lobos? Gênio da música, mas era um boêmio. Não serve. Foram escarafunchar, na História Colonial, anterior à vinda da Família Rela Portuguesa. Beckman? Não, tem nome alemão. O Sabino, da Sabinada da Bahia? Não serve, não tem perfil de ícone. Os mais antigos? Duarte Coelho, Tomé de Souza, Duarte da Costa, Mem de Sá?Não podem! Foram nomeados pelo Rei de Portugal e eram seus súditos fiéis. Então, quem? Havia um alferes (sub-oficial) em Ouro Preto, que foi patriota de fato. Participou da conjuração Mineira de 1789 (conhecida como Inconfidência Mineira) que queria a independência de Minas Gerais, da Coroa Portuguesa, e era republicano, e foi o único que se declarou, de fato, revolucionário, enquanto os outros negaram, em Tribunal. Os outros eram importantes, Padres, Juízes, desembargadores, poetas famosos, Coronéis, outros oficiais, etc…etc… Mas todos, ou se mataram na prisão (como Alvarenga Peixoto) ou traíram seus ideais negando sua participação na Inconfidência. Tanto que a pena de morte foi reformada em exílio perpétuo para a África (que não foi perpétuo, pois 33 anos depois, D. Pedro I proclamava a independência (não só de Minas, mas do Brasil todo) e eles puderam voltar (alguns voltaram já no tempo de D. João VI). Nenhum deles, portanto, serve de ícone republicano, mas e o alferes? Não é muito insignificante? Ainda mais que nas horas vagas era barbeiro, e como, costume da época, também arrancava dentes: “Cabelo, barba e dentes”, por favor, e o fulano sentava-se, corajosamente, na cadeira do “Tiradentes”. É insignificante e acabou louco, antes de ser enforcado. (Se é que foi, há dúvidas; como era “masson”, o teriam salvo e trocado por outro, também condenado à morte. Suspeita-se). É um simples alferes, tirador de dentes. Não faz mal. Nós o inventamos. Com quem ele precisa parecer-se? Claro! Com Jesus! O mártir da pátria! Vamos por lhe barbas (os enforcados tinham cabelo e barba raspados, antes da execução). E criar sua História” Será o Ícone da República, já que não há nenhum outro. Foi um patriota republicano. Haverá dúvida? Mas por que não agiu como os demais, tirando o corpo fora? Terá sido mesmo como patriota? Ou como irresponsável, por causa da loucura?A conjuração, antes de ser descoberta pelas autoridades da coroa-portuguesa, ia de vento em popa, embora com tão poucos partícipes, que podiam reunir-se na sala do poeta Tomaz Antônio Gonzaga (o Dirceu da Marília). Todos eram homens de estatura alta, ou da política ou intelectual, ou militar, etc. entre os de pequena estatura, contava-se Joaquim José da Silva Xavier, o alferes, tiradentes. Era jovem, robusto e patriota (pelo menos parecia ser), logo, a figura indicada para ir, de viagem ao Rio de Janeiro, a fim de encontrar aderentes à Inconfidência. Foi mandado, quase como um moleque de recados. Como não tivesse muita instrução, nem tino político, ou lábia publicitária, fracassou. Todas as portas que visitou no Rio de Janeiro, lhe foram fechadas, ou melhor ainda, lhe eram batidas na cara. Fora! Não queremos nada com você! Fruto da revolução lá dos franceses; fora! E foram tantos os foras, que o já fraco equilíbrio psíquico do Tiradentes, tornou-se em loucura. Voltou para Ouro Preto, ou vila Rica, como também era chamada a capital da capitania. A volta foi mais dura que a vinda, pois se na vinda sofrera as agruras de viajante daquele tempo, pelo menos havia a esperança! À volta, teve as mesmas agruras, mas sem a esperança. E a falta da esperança aumentou a insanidês. Pousava em fazendas, do caminho. E nas casas-grandes dos fazendeiros, (em geral ligadas ao Marquês de Barbacena, governador das Minas Gerais), contava, à mesa, que tropas do Rio de Janeiro marchariam, em breve, para engrossar os exércitos de revolucionários de Ouro Preto, que a França e os Estados Unidos enviariam esquadras, para combater o Vice-Rei, no Rio de Janeiro, impedindo-o de ajudar o Barbacena. E assim por diante. Em cada parada, até Ouro Preto, aumentavam seus delírios. Resultado: O Marquês de Barbacena ficou sabendo de tudo, antes mesmo que o traidor Silvério dos Reis, lhe contasse. Por isso não deu guarida ao Silvério e mandou prendê-lo também. Também, porque, mal Tiradentes chegou a Ouro Preto foi encarcerado, junto com todos os outros inconfidentes, que ele havia delatado, na mais pura ingenuidade dos insensatos e loucos! Como já dissemos foram todos a Tribunal, e negaram; menos ele. O processo chegou a Lisboa e o Alto Tribunal da Corte, condenou todos à pena máxima: forca! Mas reinava em Portugal uma mulher, a Rainha D. Maria I, que ainda não tinha perdido suas faculdades mentais. E como mulher e bondosa católica reformou a sentença de morte, para degredo em Angola, menos para Tiradentes, que havia confessado o crime de lesa majestade. (Dizem que mais tarde, D. Maria I, melhor informada da insanidade de Tiradentes, reformara também sua sentença, para degredo, mas a reforma da sentença, teria chegado tardiamente, pois Tiradentes já tinha sido enforcado).
O Ícone da República, o alferes Tiradentes, é uma figura tão paradoxal, quanto à própria conjuração que se pavoneou do título de Inconfidência. Que não conhecendo bem o latim, não entendeu porque a Coroa Portuguesa chamara o movimento de Inconfidência. Porque “Inconfidere”, em latim é o contrário de “Fidere”. “Fidere é confiar”; inconfidere” é desconfiar. Ou melhor: desconfia-se de quem é traidor, inconfidente: Traidores da Coroa. Até hoje, infelizmente, em Ouro Preto , na Praça, Central, sobre o portal da Casa da Câmara está escrito “Museu da Inconfidência” ou seja: “Museu da Traição”.
Esqueça os livros de História colega e comece a ver o Mundo como ele realmente foi! Para isso, você tem que pesquisar e ler. A ferramenta para o serviço você já tem, a Internet, basta saber como usá-la e usar.
28. Mahatma Gandhi: o racista
MAHATMA GANDHI(1868-1948) foi advogado na África do Sul, e ali começou sua vida política defendendo uma minoria explorada.
Na época fez todo o possível para lutar pelos direitos dos indianos que viviam no país mas, para atingir seu objetivo, defendeu o Apartheid. E fez isso plubicamente. Escreveu artigos incitando os indianos a combaterem os negros, chamando-os de Não-Civilizados: muitos anos depois, ele usaria termos parecidos para se referir à casta hindu dos intocáveis, os não-cidadãos do país, que não têm direito algum.
Nada disso desmerece sua campanha extraordinária de resistência pacífica, mas deixa claro que, se alguém quer seguir o exemplo do grande líder da independência da Índia, é bom entender o quanto ele era complexo e passível de cometer erros e replicar preconceitos de sua época -até porque, se suas opiniões podem chocar hoje, elas eram a norma do contexto social em que MAHATMA viveu.
Há também uma questão histórica bastante complexa envolvendo Gandhi. Dizem que ele foi construído para virar um simbolo, pois a independencia da India já estava praticamente conquistada quando ele iniciou sua campanha. Porém, nesse ponto, depende de quem analisa a situação, pois até mesmo doutores em História discordam entre si. Assim, adotasse a “versão oficial” em que Gandhi é héroi e foi quem alavancou a independencia.
27. Tenzin Gyatso, o 14ª Dalai Lama e agente da CIA
O caso do DALAI LAMA tambem é exemplar. Prêmio nobel da Paz em 1989 (assim como Madre Tereze de calcutá, em 1979), imagem pública da luta pela independência do Tibete, carrega o título de Mestre espiritual do budismo, que nos últimos 30 anos se tornou uma das religiões mais charmosas para os ocidentais.
O que pouca gente sabe é que a vida dentro de sua cúpula religiosa não é como se imagina. A escolha do DALAI LAMA mobiliza intrigas políticas. E, deixou-se de comentar por aí, antes do controle Chinês o povo tibetano não vivia numa democracia. E o DALAI LAMA da época recebia ajuda financeira da CIA, agência de inteligência americana. Havia muita pobreza e nenhuma perpectiva de crescimento econômico.
Essa é a história que você não conhece: do Dalai, como um homem com tantas fraquezas quanto qualquer um outro, se submetendo aos interesses americanos para conseguir atingir o fim desejado. A história que você conhece é aquela que mostra ele como um ser espiritualmente elevado, quase sem falhas, que luta pela independência com sabedoria e não precisa de financiamento do governo estadunidense para seguir adiante.
26. Vaticano, uma das empresas de extorsão de maior sucesso da História
Vaticano, Estado Religioso que tem como objetivo acolher os fiéis e a cúpula maior da Igreja Católica, sendo sua sede desde 1929. O próposito do Vaticano era consolidar a Igreja, centralizando na cidade todo poder e conhecimento religioso pertecente ao Cristianismo. Mas, como era de se esperar da Igreja Católica que desde dos seus primórdios já aplica contra a população tudo que é tipo de pilantragem, o Vaticano virou uma das maiores grupos empresariais de extorsão e lavagem de dinheiro do mundo. Suas empresas, seus bancos e tudo mais que pertence a já não tão Santa assim Igreja Católica Apostólica Romana, transformaram a cidade-Estado em uma máquina de ganhar dinheiro.
Não vimos nem a ponta do iceberg do que se passa por lá. Observamos apenas que foi uma dessas “malandragens” que fizeram o Papa renunciar, talvez por medo, talvez porque do contrário, a Igreja não sobreviveria, talvez porque foi a ultima estrategia para esconder um escandâlo que vem crescendo desde o incio do ano passado.
Entre os absurdos já descobertos estão: lavagem de dinheiro do crime e da Máfia, rede de prostituição que atuava dentro do próprio Vaticano, manipulação do mercado através dos bancos, gastos excessivos do dinheiros dos fiéis para artigos de luxo e dinheiro sujo de empresários empregados para que o Vaticano apoiasse suas causas.
O economista Ettore Tedeschi temia que alguém com poder no Vaticano mandasse matá-lo, avança o jornal “El País”, e por isso preparou um enorme dossiê com provas sobre o branqueamento de capitais no banco daquele Estado religioso. Caso apareça morto, todo esse trabalho será entregue a um conjunto-chave de pessoas.
O dôssie do Vaticano pode ter sido o real motivo para a renuncia do papa. Segundo boatos, o que consta no dôssie é o suficiente para colocar abaixo toda a Igreja.
25. Zumbi dos Palmares tinha escravos
Zumbi é considerado um símbolo da democracia, liberdade e direitos iguais entre as raças. Porém, até aonde isso é verdade? Com toda certeza, aquilo que nos ensinam na escola não representa em nada a verdade.
Zumbi estava longe de ser um herói da democracia. “Mandava capturar escravos de fazendas vizinhas para que eles trabalhassem forçados no Quilombo dos Palmares. Também sequestrava mulheres, raras nas primeiras décadas do Brasil, e executava aqueles que quisessem fugir do quilombo”. A vocação para o poder de Zumbi vinha de família. Ele descendia dos imbangalas, considerados os “senhores da guerra” na África Centro-Ocidental. Ou seja, nada mais natural que se considerasse no direito de ter seus próprios servos.
Zumbi tinha uma legião de escravos negros ao seu serviço. E hoje é o símbolo da liberdade racial. A realidade é que o seu próposito era construir seu próprio reinado e toda aquela historinha para boi dormir que nos contaram apenas serviu para criarem um símbolo, um martire, que fosse suficiemente forte ao olhar do público para representar a causa.
24. Beatles e suas falcatruas
Beatles, hoje considerada uma das maiores bandas da História da Música, cresceu se apoiando em mentiras e fraudes. Muito se discute a respeito da banda, os estudiosos do assunto tentam colocar na balança e diferenciar o que era realmente talento e o que era produto da mídia.
Entretanto, alguns fatos já foram comprovados: a primeira vez que os Beatles apareceram nas paradas britânicas foi em virtude de uma fraude. O próprio empresário Brian Epstein teria comprado as primeiras dez mil cópias do compacto “Love Me Do” a fim de que os Beatles imediatamente tivessem uma boa venda e despertassem a atenção do público e de gravadoras maiores. Outro fato seria o comportamento, imagem e os perfis dos integrantes da banda que eram minuciosamente construídos para atrair o público-alvo e lançar moda, nada daquilo que eles apresentavam era próximo daquilo que realmente eram. Toda a história da banda foi detalhadamente criada pela mente dos seus empresários, tudo seguia uma espécie de roteiro e tinha como objetivo vender algum produto, por isso dizem que Beatles foi uma das primeiras experiências de sucesso da Industria da Música.
Mas provavelmente todos os fatos apresentados acima não cheguem perto da mentira que foi criada sobre John Lennon. Mostrado ao público como o “bom moço”, sem falar em toda aquela baboseira da música Imagine, o “pacífico” músico adorava encher de tapas as fuças das mulheres com quem se relacionava, abusava do filho emocionamente fazendo tudo que é tipo de insultos, humilhações e chantagens, falava que era o engajado em política e não entendia uma linha do que discorriam sobre e acima de tudo, era desesperado por fama e dinheiro e estava pouco “se fudendo” para tudo que propunha.
23. Monteiro Lobato era defensor da Eugenia
O escritor Monteiro Lobato (1882-1948) era racista? Eis uma polêmica que vai e volta na vida cultural brasileira e recentemente foi reativada pelo Conselho Federal de Educação. Em 2010, o organismo emitiu um parecer classificando o livro As Caçadas de Pedrinho, de 1933, como racista. Na análise, eram citados trechos da obra em que a personagem Tia Nastácia, que é negra, era tratada de forma ofensiva: “Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou, que nem uma macaca de carvão”. O Conselho Federal de Educação endossou, na verdade, uma corrente acadêmica que já há algum tempo vê sinais de racismo no tratamento dispensado à personagem ao longo da obra infantil do escritor. Embora o Ministério da Educação tenha vetado o parecer, alguns estados, como Mato Grosso e Paraíba, chegaram a tirar o livro do currículo escolar.
A polêmica esquentou ainda mais no início de 2011, quando alguns intelectuais aderiram a ela. Em geral, esgrimindo por Lobato e usando o tom do panfleto e da galhofa. O jornalista e escritor Ruy Castro foi veemente: “As pessoas que acusam Monteiro Lobato de racismo e de querer ‘extinguir a raça negra’ certamente nunca leram uma linha do que ele escreveu. Trata-se de uma atitude ‘politicamente correta de galinheiro’, como diria Nelson Rodrigues”. O cartunista Ziraldo criou um desenho em que o autor do Sítio do Picapau Amarelo aparece abraçado a uma passista negra para satirizar os que viam racismo em sua obra – e a história toda se tornou tema de um samba de bloco no Carnaval do Rio de Janeiro em março de 2011.
A polêmica mudou de nível, indo para o terreno do factual, quando Arnaldo Bloch, colunista de O Globo, formulou a pergunta que precisava ser feita: mas, afinal, o que o próprio Lobato escreveu sobre o tema, para além das interpretações que se fazem de sua ficção? Em um texto para o jornal em que trabalha, Bloch alinhavou trechos de cartas do escritor. Em uma delas, aparecia a frase fortíssima: “País de mestiços, onde branco não tem força para organizar um Kux-Klan (sic) é país perdido para altos destinos”, escreveu Lobato, citando a mais famosa organização racista da história norte-americana. Seguindo a trilha sugerida por Bloch, a revista BRAVO! foi conferir a correspondência de Lobato. Foram garimpadas cerca de 20 cartas inéditas. E o seu conteúdo é estarrecedor.
É possível depreender algo sobre o teor de suas cartas ao examinar os seus três principais destinatários. Um deles é o escritor Godofredo Rangel – e o próprio Lobato havia publicado uma seleção da correspondência enviada a ele no livro A Barca de Gleyre, 1944. Os outros dois – fato incomum entre intelectuais – são cientistas. O paulista Renato Kehl (1889-1974) nasceu em Limeira e as cartas enviadas por Lobato a ele estão depositadas na Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. O baiano Arthur Neiva (1880-1943) foi aluno do próprio Oswaldo Cruz e é um dos fundadores do Instituto Biológico de São Paulo, lugar onde está guardada parte da correspondência que ele manteve com Lobato – entre elas, a missiva citada acima, exaltando a Ku Klux Klan. Outro lote de cartas – a Kehl e a Neiva – foi garimpado nos arquivos da Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.
Uma ideia unia Monteiro Lobato, Renato Kehl e Arthur Neiva. Os três eram adeptos de um conceito esdrúxulo chamado eugenia. A ideia, surgida na França na metade do século 19 e sistematizada pelo médico François Galton, era definida pelo próprio como “o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer qualidades raciais das futuras gerações, física ou mentalmente” – e na prática representava, entre outras coisas, uma exaltação da superioridade da raça “branca” em relação às outras. Ou seja, racismo. Nas primeiras décadas do século 20, a eugenia ganhou status de ciência. Renato Kehl era um dos principais estudiosos do tema no Brasil. Redigiu uma vasta obra defendendo os princípios eugênicos. Foi por iniciativa dele que foi criada, em 1918, a Sociedade Eugênica de São Paulo. Em sua obra, ele defende princípios como a proibição de imigrantes que não fossem de raça branca e esterilização de pessoas que, em sua ótica, apresentassem “problema físicos ou mentais”. Os princípios professados por Kehl são muito parecidos com aquilo que, na Europa, ficou conhecido como “eugenia negativa” – ou seja, proibição de que seres humanos considerados “inferiores” se reproduzissem. Como mostra o cineasta sueco Peter Cohen em seu filme Homo Sapiens, essa eugenia negativa está na base da ideologia racial que embasou o nazismo – e esse pensamento, levado ao extremo, culminaria no holocausto.
A correspondência de Monteiro Lobato mostra que, no fim dos anos 20, ele foi um entusiasta das ideias eugênicas e da obra de Renato Kehl. A primeira carta do escritor ao cientista data de 1918 e, nela, Lobato diz: “Lamento só agora travar conhecimento com um espírito tão brilhante como o seu”. No mesmo ano, Lobato convidou Kehl para escrever o prefácio de seu livro O Problema Vital, uma coletânea de artigos do escritor publicados no jornal O Estado de S.Paulo. O entusiasmo de Lobato pela obra do cientista só aumentou na década seguinte, em que Kehl deu uma virada em seu pensamento ao abraçar radicalmente os princípios da eugenia negativa. Em 1921, Kehl publicou um artigo chamado A Esterilização sob o Ponto de Vista Eugênico, no qual defende a prática como “um auxiliar poderoso da redução dos degenerados”. Para Lobato, em carta de 9 de outubro de 1929, Renato Kehl era “um D. Quixote científico (…) a pregar para uma legião de panças” (gíria que, nos anos 20, significava pessoas ignorantes). No mesmo ano, Monteiro Lobato viajou para os Estados Unidos e se entusiasmou com o país pelas razões erradas. Na terra de Abraham Lincoln, a eugenia havia ganhado status científico como em nenhum outro lugar, e Lobato lamenta que seria difícil publicar um livro de Renato Kehl no país por causa da concorrência. “Não pode haver país onde a eugenia esteja mais proclamada, estudada, praticada, ‘livrada’ (no sentido de publicada em livros) do que este”, escreveu Lobato.
“EUgenia tão adiantada”
Nessa mesma carta, se lê um dos trechos mais chocantes dentro do conjunto de missivas ao qual a revista teve acesso exclusivo. Lá, num trecho repleto de termos em inglês, Lobato descreve uma história abjeta como se fosse uma experiência positiva: “Nos Estados Unidos, a eugenia está tão adiantada que já começam a aparecer ‘filhos eugênicos’. Uma senhora da alta sociedade meses atrás ocupou durante vários dias a front page [primeira página] dos jornais mexeriqueiros graças à audácia com que, rompendo contra todos os preceitos da ciência e sem se ligar legalmente a nenhum homem, escolheu um admirável tipo macho, fê-lo estudar sobre todos os aspectos e, achando-o fit [adequado] para o fim que tinha em vista, fez-se fecundar por ele. Disso resultou uma menina que está sendo criada numa farm [fazenda] especialmente adaptada para nursery [creche] eugênica. E lá vai ela conduzindo a sua experiência de ouvidos fechados a todas as censuras da bigotry [fanatismo]“. Esse trecho impressiona porque mostra Lobato entusiasmado por uma prática adotada na Alemanha nazista. Por ideia de Heinrich Himmler, um dos asseclas delirantes de Hitler, implantou-se no país um programa conhecido como Lebensborn (“fonte da vida”, em alemão arcaizado). Pelo programa, mulheres “arianas” solteiras eram incentivadas a engravidar de líderes “arianos” com o objetivo de expandir, nos dizeres de Himmler, uma “raça líder e pura”.
No Brasil, as ideias eugênicas proliferaram principalmente em dois estados: Bahia e São Paulo. Se Kehl foi o líder da corrente em terras bandeirantes, o principal prócer da ideia na Bahia era Arthur Neiva. É interessante notar que a Faculdade de Medicina de Salvador era um centro de discussão de ideias eugenistas, como Jorge Amado bem retrata em seu livro Tenda dos Milagres. Criado nesse ambiente, Neiva era, no entanto, menos radical do que Kehl. Sua principal preocupação eram as ações sanitárias nas cidades brasileiras. Mesmo assim, fazia questão de definir a si próprio como “germânico”, e não “mestiço”, como a maior parte da população de seu estado.
Foi para Neiva que Lobato enviou alguns de seus mais impressionantes desabafos sobre a questão racial, entre as cartas inéditas garimpadas por BRAVO!. Ele tocou várias vezes, por exemplo, no tema da Ku Klux Klan, o grupo fundado logo após o fim da Guerra Civil Americana (1861-1865) no estado do Tennessee e que tinha como principal objetivo impedir a integração social dos negros recém-libertados – proibindo-os, por exemplo, de adquirir terras e também promovendo assassinatos traiçoeiros como uma forma de “higiene racial”. Escreve Lobato a Neiva, em 1938: “Um dia se fará justiça ao Ku-Klux-Klan; tivéssemos aí uma defesa dessa ordem, que mantém o negro no seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca – mulatinho fazendo o jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destrói a capacidade construtiva”.
Três anos antes, em 1935, Lobato esteve na Bahia e escreveu uma carta ao cientista, que então morava em São Paulo. Lobato inicia o texto dizendo-se maravilhado com a terra de Neiva, com sua comida, arquitetura e igrejas – “Sua Bahia, dr. Neiva, positivamente enfeitiçou-me”. No quarto parágrafo, no entanto, ele fala das pessoas do lugar: “Mas que feio material humano formiga entre tanta pedra velha! A massa popular é positivamente um resíduo, um detrito biológico. Já a elite que brota como flor desse esterco tem todas as finuras cortesãs das raças bem amadurecidas”. O comentário comparando a população pobre da Bahia a “esterco” é francamente racista – assim como as observações que, numa carta relativamente conhecida enviada a Godofredo Rangel (leia acima), ele faz sobre os mestiços cariocas – mas também tem a ver com o preconceito que Lobato nutria em relação a habitantes de outros estados brasileiros que não fossem São Paulo. Aparecem em sua correspondência, por exemplo, referências desairosas a cariocas e mineiros.
Diante de tal conjunto de cartas, é inevitável perguntar: ao abraçar a causa da eugenia, Lobato não teria sido apenas um homem de seu tempo? A resposta é: em termos. É certo que tal ideia tinha status de ciência na época, era bem aceita em determinados círculos intelectuais, e o termo estava tão na moda que aparecia até na poesia (o fluminense Raul de Leoni escreveu um famoso soneto chamado Eugenia, em que o vate se dirige à musa com versos de péssimo gosto, como “tens legendas pagãs nas carnes claras”). A eugenia, no entanto, não era uma ideia majoritária, tanto que Lobato chamou Kehl de “Quixote”. Um fato relevante a mostrar que havia muita gente consciente do absurdo da coisa foi o lançamento, em 1933, de Casa Grande e Senzala, o clássico de Gilberto Freyre – obra-prima que é resposta eloquente às bobagens defendidas por Kehl e pelo “baiano germânico” Neiva. Em sua prosa irresistível, Freyre mostra o óbvio. O que influencia as características dos povos, se é que isso existe, é a cultura, como pregava o antropólogo alemão Franz Boas, e não a raça. O livro apresenta, também, a mestiçagem que horrorizava os eugenistas como um valor positivo.
Cabe finalizar dando a medida justa e apresentando Lobato em toda a sua complexidade. O escritor é um dos mais talentosos de sua geração. Legou ao Brasil um bem inestimável: uma literatura infantil de altíssimo nível, que pode ser lida até hoje. As eventuais alusões racistas a personagens como a Tia Nastácia não tiram o prazer da leitura – talvez constituam até um bom tema de discussão em aula. No caso específico da Tia Nastácia, é possível fazer até a leitura contrária, dado que a personagem é sempre apresentada de forma bastante positiva ao longo da obra de Lobato. Que, como escritor, chegou a denunciar maus tratos contra negros em alguns de seus contos, caso de Os Negros, incluído no livro Negrinha (1923). Lobato também foi um polemista brilhante e extremamente atilado quando defendeu as ideias certas. Sua impaciência quanto a certo costume brasileiro de empurrar a solução dos problemas para depois é altamente louvável. É válida até hoje, assim como as críticas contra a falta de saneamento básico e a triste burocracia do país.
Tais qualidades tornam ainda mais espantoso o fato de Lobato – mesmo relativizando a época em que ele viveu – ter-se encantado com ideias tão estapafúrdias, como as defendidas por Arthur Neiva e Renato Kehl. Ele parou de falar no assunto quando o nazismo, embasado na eugenia, gerou os horrores do holocausto, mas nunca se retratou publicamente pelas ideias que defendeu durante pelo menos três décadas (dado que parte de sua correspondência continua inédita, existe a esperança de que ainda apareça uma carta com um mea-culpa). É tarde demais para condenar Lobato pelo crime intelectualmente imperdoável – e hoje inafiançável juridicamente – do racismo. Ler suas cartas com a distância dos anos proporciona uma reflexão: mesmo as mentes mais sólidas podem, em determinados momentos, sofrer um amolecimento radical.
Em várias de suas cartas, Monteiro Lobato se refere de forma elogiosa à entidade racista fundada no estado do Tennessee no fim da Guerra Civil Americana. A Ku Klux Klan tinha como objetivo evitar que os negros recém-libertos adquirissem direitos civis e ainda organizava assassinatos traiçoeiros como uma forma de “purificação racial”
“País de mestiços, onde branco não tem força para organizar uma Kux-Klan (sic), é país perdido para altos destinos. (…) Um dia se fará justiça ao Ku-Klux-Klan; tivéssemos aí uma defesa desta ordem, que mantém o negro em seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca – mulatinho fazendo jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destrói a capacidade construtiva”
(carta enviada a Arthur Neiva em 10 de abril de 1928)
Foi o nazista Heinrich Himmler quem instituiu na Alemanha as Lebensborn – “fazendas” onde mães solteiras de bebês supostamente arianos podiam criar seus filhos. Lobato teve conhecimento de prática semelhante nos EUA e se referiu a ela de forma elogiosa.
“Nos Estados Unidos, a eugenia está tão adiantada que já começam a aparecer ‘filhos eugênicos’. Uma senhora da alta sociedade meses atrás ocupou durante vários dias a front page [primeira página] dos jornais mexeriqueiros graças à audácia com que, rompendo contra todos os preceitos da ciência e sem se ligar legalmente a nenhum homem, escolheu um admirável tipo macho, fê-lo estudar sobre todos os aspectos e, achando-o fit [adequado] para o fim que tinha em vista fez-se fecundar por ele. Disso resultou uma menina que está sendo criada numa farm [fazenda] especialmente adaptada para nursery [creche] eugênica.”
(carta enviada a Renato Kehl em 8 de julho de 1929)
A eugenia pregava que a mestiçagem “enfraquecia” a raça. Tal ideia esteve em voga no Brasil nos anos 20 e 30, mas não era majoritária – tanto que Gilberto Freyre glorificou a mistura de raças em seu clássico “Casa Grande e Senzala”. Monteiro Lobato, no entanto, jogava no time dos eugenistas – e fez comentários ofensivos ao povo mestiço da Bahia durante uma visita a Salvador.”Mas que feio material humano formiga entre tanta pedra velha! A massa popular é positivamente um resíduo, um detrito biológico. Já a elite que brota como flor desse esterco tem todas as finuras cortesãs das raças bem amadurecidas.”
(carta enviada a Arthur Neiva em 15 de dezembro de 1935)
Foi na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, que começou a amizade de Monteiro Lobato com o escritor mineiro Godofredo Rangel. Eles trocaram centenas de cartas durante várias décadas. Em muitas delas, Lobato faz observações sobre a mistura de raças no Rio de Janeiro.
“Dizem que a mestiçagem liquefaz essa cristalização racial que é o caráter e dá uns produtos instáveis. Isso no moral – e no físico, que feiúra! Num desfile, à tarde, pela horrível Rua Marechal Floriano, da gente que volta para os subúrbios, que perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas – todas, menos a normal. Os negros da África, caçados a tiro e trazidos à força para a escravidão, vingaram-se do português de maneira mais terrível – amulatando-o e liquefazendo-o, dando aquela coisa residual que vem dos subúrbios pela manhã e reflui para os subúrbios à tarde.”
(carta a Godofredo Rangel incluída na primeira edição do livro “A Barca de Gleyre”, em 1944)
FONTE: http://bravonline.abril.com.br/materia/monteiro-lobato-e-o-racismo#image=165-capa-racismo-1-g
22. Princesa Isabel: Heroína da Abolição ou apenas uma peão num jogo de xadrez?
Essa é uma polêmica sempre presente: a princesa Isabel foi ou não um dos principais fatores alavancadores da Lei Aurea?
Carlos Haag escreve em seu artigo “Redentora em busca de rendenção” sobre esse relação de Isabel com a polêmica discussão dos motivos que à levaram a ser o símbolo da Abolição no Brasil:
Em A mão e a luva (1874), de Machado de Assis, a heroína, Guiomar, na contramão do comportamento esperado de uma boa mocinha de romance romântico, “experimenta” o namorado antes de cogitar aceitá-lo. Enquanto isso, Luís Estevão, o mocinho, sofria horrores, contorcendo-se no leito e suspirando o nome da amada entre lágrimas e ranger de dentes. Guiomar, porém, pensava pragmaticamente, ou, nas palavras de Machado, fazia um “cálculo, um bom cálculo, nesse caso todo filho do coração”. Nisso, ela se aproxima muito de outra figura do século XIX, que igualmente representou, por toda a sua vida, o papel de “heroína” (ou, no seu caso, de “redentora”), que vivia pelo coração, sem, no entanto, abrir mão do cálculo. Isabel Cristina Augusta Miguela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, a princesa Isabel (1846-1921), herdeira do trono de dom Pedro II, passou à história como a “libertadora” dos escravos, fascínio dos monarquistas de ontem e de sempre e terror dos republicanos de primeira hora, que penaram para dissociar a sua imagem dinástica da abolição do escravismo em 1888.“Ela foi uma mulher do século XIX, marcada por uma visão católica reacionária-aristocrática que, de alguma forma, contribuiu para a modificação do cenário imperial brasileiro. Não foi tão abnegadamente altruísta em sua política, nem tão responsável pela farsa de uma abolição incompleta da miséria, nem tão imobilizada pelas estruturas patriarcais machistas, nem tão rebelde e revolucionária. Ela sempre buscou pavimentar o caminho para o trono por meio do que chamei de ‘política do coração’”, explica Robert Daibert Júnior, autor da tese de doutorado Princesa Isabel: a “política do coração” entre o trono e o altar, defendida recentemente na Universidade Federal do Rio de Janeiro sob orientação de José Murilo de Carvalho. “Sua luta antiescravista é a ponta de um iceberg, cujas bases giravam ao redor de um abolicionismo católico, afinado com a visão do papa e dos bispos. Ou seja, estavam baseadas num abolicionismo redentor, doador da liberdade, previdente, previsível, pacífico. E, acima de tudo, esse abolicionismo deveria garantir a formação de libertos ordeiros, catolicamente civilizados e fiéis à Igreja e à sua concepção de sociedade e política”, analisa. Segundo o pesquisador, manteve sempre os olhos fixos no Brasil, que, por décadas, no exílio, planejou governar. “Mas sempre olhou para o país debruçada da janela do Vaticano.” A pecha de “princesa carola”, que enfurecia os liberais e os republicanos, porém, não deve ser entendida como apenas um sentimento sincero de religiosidade e de obediência conservadora à Igreja, mas como “um cálculo”, ainda que “filho do coração”. Ainda assim, um “cálculo” que seria a base de um futuro terceiro reinado, que saberia aproveitar as benesses da modernidade em nome de um passado reacionário e católico que ela gostaria de fazer presente.Uma metáfora notável disso está na sua paixão pela fotografia, herdada do pai, dono de mais de 2.500 imagens. No exílio, Isabel, conta Daibert, lançava mão de um “recurso iconográfico”, sempre pedindo para que lhe enviassem fotos em que aparecia com os filhos e o imperador. “Provavelmente, queria demarcar a legitimidade da linha sucessória que ia do pai, passava por ela e chegava até o filho. Marcava com isso seu território, mandava seu recado e costurava alianças a favor de si, do filho e contra os sobrinhos que queriam usurpar a sucessão.” A modernidade a serviço do mais antigo dos desejos de poder. Seu amor pela imagem, aliás, acaba de render um belíssimo livro, Coleção princesa Isabel (Editora Capivara, 423 páginas, R$ 190), com mais de 1.200 fotografias de nomes como Ferrez, Stahl, Henschel, Leuzinger, Malta, entre outros (algumas delas ilustram esta reportagem). Ao lado da beleza estética, há fotos de valor histórico e jornalístico, como a série de 13 imagens, até então desconhecidas, que mostram o 13 de Maio “ao vivo”, da votação no Senado à celebração nas ruas. Ou, ainda, o Te Deum, na catedral do Rio, de Ferrez, quando a princesa foi aclamada regente, em 1887, pela terceira e última vez. Revelação – As fotos estavam guardadas num baú em posse de Thereza Maria de Orleans e Bragança, última neta viva de dona Isabel, e foram resgatadas por Pedro e Bia Corrêa do Lago. “A descoberta e a revelação da coleção operam uma revolução no campo da fotografia oitocentista. A princesa e o conde d’Eu prepararam um festim iconográfico e póstumo para historiadores do Brasil e da fotografia”, observa o historiador José Murilo de Carvalho. São paisagens, retratos da intimidade da nobreza, mas, sintomaticamente, há pouquíssimas imagens de negros. “Apesar de a imagem da princesa ter ficado ligada à Abolição, são poucas as fotos de negros, salvo uma foto de Ruy Santos, Congada em Minas Gerais, e o retrato inédito de dom Obá II d’África, em verdade o baiano Cândido da Fonseca Galvão, neto de um soberano africano que era reverenciado como príncipe real pelos escravos e que participava das audiências com Pedro II vestindo fraque, cartola e pince-nez”, conta Corrêa do Lago.Esse amor pela imagem é uma das poucas características do pai que Isabel parece ter herdado, apesar dos cuidados do imperador em criá-la em condições de ser a futura herdeira do reinado. “O caráter das princesas deve ser formado tal qual convém a senhoras que poderão ter que dirigir o governo constitucional de um império como o do Brasil”, escreveu Pedro II para regulamentar o estudo das filhas. Nem tudo funcionou como o esperado. “Diferente do pai, Isabel encarava os inventos e as tecnologias como bênçãos divinas oferecidas aos homens. Enquanto o imperador recomendava à filha honrar os que se aplicam às ciências naturais, a princesa atribuía responsabilidade, honra e valor a Deus por ter permitido aos homens tal conhecimento”, nota Daibert. Sua perspectiva sobre o modelo do “príncipe virtuoso” era bem diverso do que lhe era oferecido pelo pai e pelos mestres, quase todos antigos professores de dom Pedro. “Os governantes exemplares para dona Isabel eram aqueles que exercitavam a prática da caridade e trabalhavam em favor da expansão do cristianismo e apresentavam respeito à Igreja e seus ministros, esforçando-se por favorecer a esfera de ação do clero católico na sociedade. Seus santos de devoção eram aqueles que ocuparam uma posição política como reis e rainhas. Era assim que entendia o papel dos governantes e concebia sua própria posição.” Diante de uma sociedade cada vez mais secular, marcada por problemas modernos sociais e disputas políticas, Isabel imaginava que uma sociedade melhor seria alcançada por meio da readoção de valores cristãos católicos e, assim, se espelhava em governantes devotos para achar suportes que, na sua visão, eram estáveis o bastante para mantê-la, futuramente, à frente do governo monárquico. “Por sua própria condição de herdeira do trono, ela provavelmente ambicionava tornar-se o instrumento de propagação das prerrogativas católicas nos quadros do Estado imperial brasileiro”, explica. Esse “cálculo do coração” foi reforçado com seu casamento, em 1864, com Gaston de Orleans, o conde d’Eu, um príncipe católico e francês de 22 anos, exilado na Inglaterra desde a revolução de 1848. “O catolicismo de Isabel trazia-lhe à memória lembranças de sua mãe, morta quando ele era adolescente. Sua preparação e educação, a partir do casamento, passaram a ser assumidas por Gaston, que buscou situá-la dentro do cenário oitocentista no qual ela precisava se mover. Lia livros indicados pelo marido e se inteirava dos conflitos entre capital e trabalho que assombravam a Europa, em especial a respeito das ‘ambições perigosas’ das classes trabalhadoras.” O conde, por sua parte, passou a atrair a simpatia dos liberais que, por ocasião da Guerra do Paraguai, o tinham como aliado, vendo nele um representante possível de seus interesses, capaz de tirá-los do ostracismo em que viviam nas disputas pelo gabinete. “Dona Isabel não encontrava segurança na postura liberal do marido e suas supostas posturas liberais haviam causado sérios problemas. Ela não podia se transformar em fantoche dos partidos se quisesse manter a questionada neutralidade do poder moderador, base do regime.”Além disso, a politização a afastava mais do trono, pois não era essa a política que aprendera e que desejava, não encontrando na realidade expressões de seus santos heróis e heroínas medievais. “Não se identificava com aquele mundo e, pior, quanto mais investia na aquisição de certa visibilidade, mais era intimada a mostrar sua cara, a se posicionar, a mostrar sua política”, analisa o pesquisador. Os jornais liberais, que defendiam uma maior secularização da sociedade, noticiavam, com desconfiança, a sua ligação estreita com o Vaticano e o conde parecia, a cada dia, uma aposta frustrada. Para piorar, durante a Questão Religiosa, conflito entre a maçonaria e a Igreja, que culminou com a prisão de dois bispos a mando de Pedro II, a princesa tomou as dores eclesiásticas contra o pai. “Devemos defender os direitos dos cidadãos brasileiros, os da Constituição, mas qual a segurança de tudo isso se não obedecemos em primeiro lugar à Igreja?”, questionou ao pai, em carta, solicitando ao imperador que o Estado favorecesse a Igreja. “O pensamento de Isabel parecia preocupar o próprio imperador, que, antes de se ausentar, deixa registradas as diretrizes a serem seguidas, embora, posteriormente, tente negar interferências no governo regencial da filha.” Isabel chega ao extremo de condenar a visita do pai, na Europa, a uma sinagoga e sua visita ao rei italiano Vittorio Emanuelle, a quem não perdoa ter unificado o país com a submissão do Vaticano e do papa ao novo Estado. “Ela começa ser desqualificada em sua capacidade de governar futuramente o país. Preocupada, passou a ir à missa apenas aos domingos e deixou de ter confessor efetivo. Sem sucesso. As críticas ganharam repercussão intensa”, conta Daibert. A carta guardada na manga nesse momento era o seu abolicionismo “caridoso” e de forte cunho católico.Roupagens – Ao encontrar-se com um padre negro, no Recife, o conde d’Eu deu à esposa mais argumentos. “Ele viu naquilo uma solução à brasileira: os brancos poderiam contribuir para que membros das raças ‘inferiores’ superassem a sua condição. O padre era isso, um negro com novas roupagens concedidas pelos brancos, típicas da civilização européia representada pelo catolicismo.” Vivendo no mundo das elites deslumbradas com a Europa, modelo a ser repetido nos trópicos, Isabel percebeu que o combate à escravidão no “mundo civilizado” ganhava força, informando disso o imperador, um monarca preocupado com sua imagem no exterior. Num baile à fantasia oferecido pela rainha Vitória, Isabel vestiu-se de preta baiana e o marido de mouro. “Na festa, Isabel naturaliza para si e para os outros a posição de seu país crioulo, diante das luzes do velho, uma declaração de um princípio não racista”, avalia o autor. “Quanto gostaria que o nosso bom Brasil estivesse tão adiantado como a Inglaterra. Ele é muito moço ainda, o mundo não se fez em um dia. Já ele tem feito bastante e espero que ainda fará mais”, escreveu ao pai, revelando sua crença na superação do atraso nacional. Nisso as crenças de Isabel a ajudavam a ir além de muitos de seus contemporâneos. “O pessimismo científico do conde Gobineau, amigo de Pedro II e adepto de teorias sobre a degeneração das raças nos trópicos, em relação aos negros brasileiros não convencia dona Isabel. Seu catolicismo, nesse caso, servia-lhe de argumento na crença de que poderia favorecer a integração do negro livre na sociedade.”Eficiência – Em 1887, com o pai gravemente adoentado, assumiu pela terceira vez a regência do Império e já se falava num Terceiro Reinado próximo. A ação abolicionista, acreditava, fora uma “política do coração” eficiente. “Essa ação a colocava em sintonia com expectativas gerais da população, desvinculada de uma minoria de proprietários agrários. Esse pequeno, mas poderoso segmento sentia-se cada vez mais insatisfeito com a coroa que feria seus interesses. Ao se afastar deles, a Monarquia precisou construir uma nova base de legitimidade junto aos grupos econômicos emergentes”, avalia o pesquisador. Aproximar-se dos abolicionistas foi um bom caminho. “Tratava-se de empreender a modernização do país sem aderir aos radicais. O abolicionismo de Isabel e o teor liberal, ambos moderados e pragmáticos, tinham elementos em comum que permitiram, a partir de certa afinidade programática, um maior fortalecimento de suas propostas e uma relativa unidade de ação.” O que a princesa queria evitar era a solução violenta da questão servil, o temor de uma “onda negra” de vingança geral contra os brancos. Daí a boa aceitação de seu abolicionismo paternalista, pacífico, moderado e dirigido a garantir os interesses materiais dos grandes proprietários. “A abolição sonhada por ela era fruto de uma ação caridosa, uma doação oferecida por um governo benfeitor, com os motivos religiosos destacados como fundamento de sua atitude. Essa, ao menos, foi a forma com que Isabel tentou registrar para a posteridade a sua ação.” O papa Leão XIII, mais esperto, entendeu melhor a atitude da princesa, vista por ele como uma expressão de dedicação às orientações da Sé Apostólica, o que fazia com a Lei Áurea prenunciava a obediência do Terceiro Reinado às prerrogativas católicas. Isso não a ajudou em nada junto aos republicanos.No exílio, após a morte de Pedro II, já convertida em imperatriz, viveu a fantasia de que seria chamada de volta ao Brasil a qualquer momento para assumir o poder, desdobrando-se em articulações com monarquistas e inimigos da República. Há uma curiosa troca dupla de correspondências que dá uma visão de como Isabel agia. Numa carta enviada à cúpula monarquista carioca, Isabel afirmava: “Repugna-me a idéia da guerra civil” como meio de voltar ao Brasil, um modelo de virtude do poder moderador imparcial. Em outra carta, datada do mesmo dia, mas destinada a um amigo, o tom é outro, mais sutil e revelador: “Lamento sempre as circunstâncias que armam irmãos contra irmãos. De forma alguma desejo animar tal guerra, tanto mais que não vejo nela base segura e nem êxito muito provável. O senhor, porém, conhece meus sentimentos de católica e brasileira. Não duvidarei, pois, que uma vez que a nação se pronunciar por convicção geral pela monarquia, para lá voltaremos”. Daí a necessidade, observa Daibert, de entender a religiosidade e o sentimento humanitário e piedoso de Isabel dentro do contexto de sua época e classe social, bem como de seus planos futuros de poder. “As práticas de piedade, aparentemente restritas à esfera privada, ganhavam significação política na medida em que se constituíam espaços de gestação de identidades, ações e reações ao mundo em sua volta.” Sua prática era acompanhada por uma visão intransigente, que rejeitava o mundo moderno em suas expressões de secularização. “De modo reacionário, acreditava que o retorno a valores antigos seria a garantia de suportes estáveis para o seu governo”, afirma o pesquisador.
FONTE: http://www.controversia.com.br/index.php?act=textos&id=3679
21. Globo – Ditadura, CIA e Companhia
Defensores da maior emissora de TV brasileira se retorcem em seus assentos toda vez que abrem esse tipo de notícia na Internet e isso porque é somente na Internet que ela aparece – ou na Record, quando as duas resolvem entrar em conflito. A Globo tem o estranho hábito de achar que todo brasileiro é idiota. Ela veste uma máscara de “bom moço”, que luta contra injustiças, contra corrupção, à favor do povo, mas, a maioria de nós temos consciência de que não é nada disso.
Romero Costa descreve em seu texto “A SÍNTESE DO IMPÉRIO GLOBO DE CRIMES ” os principais pontos negativos e destrutivos que a emissora infligiu em nosso país. Vale muito a pena conferir:
Sob o título de “Império Globo de Crimes”, do artigo de mesmo nome, publicado em 28 de junho de 1993, na Tribuna da Imprensa, desdobramos e aprofundamos o assunto, enriquecendo-o em vários outros artigos. Dessa forma, o leitor ficará melhor capacitado a recusar a síntese simplista incentivada pela própria Globo, no sentido de dizer que a Globo cometeu somente alguns poucos pecados, tipo ser contra as “Diretas Já”, ou anunciá-las em seu noticiário como uma festa em homenagem ao aniversário da cidade de São Paulo.A Globo não é isso e nem só isso. Aceitar esta versão simplista é minimizar o Império Globo de Crimes ao gosto e interesse da própria Globo. Essa síntese simplista somente interessa à Globo que quer que as pessoas tenham em mente como tendo sido só um dos seus poucos pecados jornalísticos. Mas, no entanto, vejamos a seguir que as coisas não são assim. Muito pelo contrário.É fundamental ter em mente que a Globo é ilegal, errada, torta e criminosa desde a sua criação, com o chamado escândalo Time-Life, quando Roberto Marinho associou-se ilegalmente a um grupo estrangeiro contra as leis do país, integralizou capital com bens que não lhes pertenciam, os bens gravados como inalienáveis foram alienados, houve importação de equipamentos pesados para montar sua indústria de comunicação com câmbio favorecido de quatro anos antes da importação. Foram tantos, tantos, tantos os abusos e falcatruas que não restou outra alternativa para fugir ao flagrante que não fosse mandar arrancar as folhas 42 e seguintes do livro 1478 do II Cartório de Ofício de Notas, conforme brilhantemente descoberto e reportado por Daniel Herz em seu livro “A História Secreta da Rede Globo”.Dizer que a Globo foi criada essencialmente com o apoio da CIA para dar sustentação e apoio ao golpe militar de 1964, é mais do que um exercício de retórica, posto que às custas desse apoio à ditadura militar a Globo enriqueceu trocando notícias favoráveis aos ditadores por anúncios que garantiam a sobrevivência da Globo e da ditadura militar. E com isso foram acobertados os maiores e principais crimes da ditadura, como o escândalo do Riocentro, em que os militares – para se eternizarem no poder – aproveitaram uma festa popular no Riocentro, com grande afluência de público, trancaram os portões por fora, com o público todo lá dentro e foram jogar bombas no público para causar pânico, dor e morte, e com isso jogar a culpa nos revolucionários contrários à ditadura e que a Globo chamava de terroristas.Durante a ditadura militar a Globo também acobertou a Operação Bandeirantes (OBAN), em que os revolucionários contrários à ditadura eram mortos das mais variadas formas inclusive jogados de avião no mar, de barriga aberta para não boiarem e para os corpos não aparecerem jamais. A Globo acobertou também a Operação Gasômetro, que à semelhança do escândalo Riocentro, iria matar multidões, ao ser explodido o gasômetro do Rio de Janeiro, mandando para os ares vários quarteirões, para colocar a culpa nos revolucionários e perpetuar a ditadura militar.Ainda nesta linha de associação com a criminalidade da ditadura, a Globo bancou as falsas notícias dos assassinatos de Vladimir Herzog, Fiel Filho, Stuart Angel e centenas de outros revolucionários, sempre tendo como verdade os laudos criminosamente falsos do médico parceiro da ditadura, Harry Shibata. E o cinismo da Globo era tal que alguns revolucionários quando eram presos, após tortura, eram apresentados nos telejornais da Globo, confessando “espontaneamente” seus crimes contra o país, para “servir de exemplo à juventude revolucionária ” (chamada pela Globo de terrorista).Não bastasse trocar falsas notícias da ditadura por anúncios, a Globo foi além, praticou assaltos a bancos como ninguém. No Banerj, após tomar um empréstimo favorecido, que se fosse aplicado no próprio Banerj (sem o dinheiro sequer sair do banco), a diferença entre o que deveria pagar e o que receberia pelo investimento renderia milhões e milhões. E em retribuição ao golpe, a Globo levou a diretoria do Banerj toda para trabalhar na própria Globo. O que valeu a Roberto Marinho o apelido de “O Maior Assaltante de Bancos do Brasil”, título dado pelo jornal “O Pasquim”.Mas os assaltos a bancos não pararam por aí. Teve o Banco do Brasil, também com juros vergonhosamente subsidiados; teve o Banco Central com taxas subsidiadas e câmbio com valor de mais de quatro anos anteriores à importação de equipamentos; teve a Caixa Econômica cujo dinheiro, quase gratuito, foi tomado do trabalhador (FGTS) para construir o Projac; e o último escândalo foi o do BNDES em que a Globo pretende contar com o governo federal para a falência e quitar um passivo de mais de três bilhões de dólares. (Isso mesmo: três BILHÕES de dólares)Escândalo é o que não falta na vida da Globo. Desde o simples caso de vender carro roubado, com chassis remarcado e quase causar a prisão do comprador, ao invés dos vendedores (os donos da Globo), provocando a surreal situação em que nem a polícia e nem o Detran quiseram (recusaram-se) apurar a venda de carro roubado e prender os culpados, mesmo diante das provas. Até os casos de perseguições pessoais, como o da Escola de Base e a família Shimada, destruída pelo noticiário falso da Rede Globo. Ou como as perseguições ao Bispo Macedo (IURD) por haver comprado a Rede Record de Televisão, ou a José de Paiva Netto, (LBV) por conseguir o canal de São Paulo que a Globo tanto queria para o seu canal Futura. Perseguição e covardia sempre foi o forte da Globo.Escândalo? Isso é o que não falta na vida da Globo. Desde a própria existência do Ibope (que já é um escândalo por si só) e seus fajutos índices Fahrenheit que dão 32 pontos de audiência para a Globo mesmo com todos os televisores desligados em meio a um “black out”, ou dos índices de popularidade nas eleições comandadas pela Globo, até a criminosa edição do debate Collor versus Lula, e que acabou elegendo Collor presidente da República. Isso sem falar no maior dos escândalos eleitorais do país, que foi o escândalo Globo-Proconsult, onde a divulgação da apuração dos índices da eleição eram adulterados e falsificados pela Proconsult e divulgados pela Globo, para impedir a eleição de Brizola no Rio de Janeiro, e que só foi tornado de conhecimento público graças à aferição dos verdadeiros índices pelo Instituto Pasqualini e pela denúncia de Bizola aos correspondentes estrangeiros, pois a imprensa nacional (como sempre) estava toda comprometida, submetida e controlada pela Globo.Mas os dois maiores crimes da Globo, que poderiam levar Roberto Marinho para a cadeia por mais de 20 anos, conforme noticiado pela Tribuna da Imprensa sobre declaração do criminalista Paulo Goldrajch, ainda não foram citados aqui. Quais sejam: Os escândalos da TV Globo São Paulo e o da Afundação Roberto Marinho. Foram notas frias, caixa dois, sonegação fiscal, falsificações diversas de documentos, onde até recibos foram datilografados em máquina de escrever fabricada mais de dez anos após a data em que o recibo falso, frio, foi feito. Ou o caso do rol de pessoas notórias e conhecidas dadas como mortas para facilitar a compra de parte do poder acionário. Ou dos recibos frios de transações comerciais, com os respectivos CPF’s nos recibos, quando naquela data sequer existia CPF, que somente foi criado mais de dez anos após a data dos recibos.Para livrar Roberto Marinho da cadeia e impedir a CPI da Afundação (isso sem falar na CPI da NEC/Globo, que foi outro escândalo), as maiores autoridades do país se acumpliciaram: Superintendente da Polícia Federal (“Polícia Federal está na caixinha da Globo”, manchete da Tribuna da Imprensa), Procurador Geral da República, Curador de Fundações, Procurador Geral do Estado, Ministro da Justiça, Secretário de Fazenda, Ministro da Fazenda, e até o próprio Presidente da República da época (José Sarney) que no interesse da Globo (e de roldão beneficiou bicheiros, traficantes e contrabandistas) publicou dois decretos permitindo legalizar todo dinheiro frio do país num determinado período de tempo, de interesse específico da Globo para esquentar seu dinheiro frio, denunciado publicamente. Tudo isso regado a uma fartura da distribuição de canais de televisão e estações de rádio que foram parar nas mãos dos deputados e senadores que após assinaram a lista de instalação da CPI, retiravam seus nomes da lista para impedir a instalação da CPI, conforme denunciado pelo Deputado Paulo Ramos, responsável pela coordenação da CPI da Afundação.Como pode ser visto, os escândalos da Globo vão muito além de uma notícia falsa de “Diretas Já”. A Rede Globo, como diz o jornalista Hélio Fernandes, é um grande supermercado, um balcão de negócios, onde tudo é negociado. Até mesmo a prostituição denunciada pela Globo em seus telejornais é feita no interesse de evitar a concorrência pela prostituição independente e preservar os seus anúncios “classificados” de prostitutas em páginas e mais páginas no jornal O Globo, anunciando garotos de programas, termas e casas de massagem.Mas o que é a exploração e comercialização de anúncios da prostituição para quem sobreviveu graças à exploração de menores dos “pequenos jornaleiros”, que faziam a distribuição e venda do jornal O Globo e garantiram a sobrevivência do jornal, eliminando, assim, o problema da distribuição? O que é tudo isso diante da exploração consentida de menores? Aliás, ligar escândalos e menores, nada mais significativo do que o escândalo do Papatudo, em que a “rainha dos baixinhos” (Xuxa) e o “embaixador da Unicef” (Didi) foram garotos propagandas e protagonistas de um dos maiores golpes financeiros deste país, que foi a venda dos bilhetes do Papatudo pelos Correios (Governo Federal) e com veiculação exclusiva e específica da Globo. (“Pede para a mamãe e o papai comprarem os bilhetes do Papatudo. O que falam do “titio” Artur Falk é tudo mentira”)Portanto, chega a ser risível ouvir alguém falar de “escândalo das Diretas Já”. A Globo está mais para exploração de menores, associação à prostituição, assaltos a bancos, venda de carro roubado, notas frias, caixa dois, falsificações de documentos, contrabando, fraudes eleitorais, perseguições pessoais de desafetos e trambiques generalizados do que simplesmente uma equivocada divulgadora de notícias falsas e imprecisas sobre “Diretas Já”.
FONTE: http://www.fazendomedia.com/globo40/romero27.htm
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