domingo, 12 de maio de 2013

On 05:52 by papa in    No comments

Brian Schmidt ganhou o prémio Nobel da Física em 2011, pela descoberta em 2001 de que o Universo está a expandir-se a velocidades aceleradas. Sabemos hoje que isto se deve a uma entidade desconhecida a que convencionamos chamar de energia escura.

No início desta semana ele deu uma palestra na Fundação BBVA em Espanha, intitulada “The Accelerating Universe”.

Até aqui tudo normal…
No entanto, na 3ª feira passada, enviaram-me este artigo do Diário de Notícias com informações da Lusa.

O artigo é similar aos artigos em inglês no Global Post e no Latin American Herald Tribune.
E supostamente têm todos por base o artigo da agência de notícias espanhola EFE.


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E porque me enviaram isto?

Porque o artigo é um disparate.

Basicamente o artigo, como podem ler, diz que Brian Schmidt disse que devido à aceleração do universo, a estrela Sol irá se desvanecer em 5.000 milhões de anos.
Qualquer pessoa que perceba minimamente de astronomia, sabe que isto é um erro.

Por duas razões: a energia escura não funciona em distancias tão curtas e as estrelas não acabarão em períodos temporais tão curtos.


Não acredito minimamente que Brian Schmidt tivesse dito tamanho disparate.

Aliás, desde 3ª feira entrei em contacto com algumas pessoas, o que me permite ter agora uma opinião mais informada sobre o assunto.

Ele falou da investigação dele relativa à energia escura.

Ele falou do seu trabalho, em que a sua equipa descobriu em 1995 a Supernova 1995K. Essa supernova encontra-se a 5.000 milhões de anos-luz de distância, e a estrela que lhe deu origem terá “explodido” há 5.000 milhões de anos atrás. Esta supernova foi extremamente importante, porque lhes permitiu medir quanto o Universo estava a expandir-se nessa altura e comparar com actualmente. Nessa altura eles perceberam que o Universo não se estava a expandir a velocidades desaceleradas, como se pensava naquela altura. Isto nada tem a ver com o nosso Sol.
Ele poderá até ter dito que a supernova brilhou com uma intensidade superior a 5.000 milhões de sóis. Isto nada tem a ver com energia escura.

Ele poderá até ter dito que o Sol, dentro de 5.000 milhões de anos será uma gigante vermelha, e isto tem a ver com a evolução natural de estrelas de pouca massa, como o Sol, e nada tem a ver com energia escura.

Parece-me claramente que o jornalista trocou as informações e misturou assuntos distintos, levando a claros erros no artigo.

Mas jornalistas errarem é normal, no sentido que não sendo eles especialistas no assunto, pode haver sempre 
erros quando falam de assuntos que não dominam.

Mas como é que esses erros se disseminam pela comunicação social de outros países sem haver uma avaliação da informação? Isso sim, surpreende-me. Afinal, os jornais só se copiam uns aos outros, mesmo que haja erros nos artigos originais?

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