quarta-feira, 25 de setembro de 2013

On 11:03 by papa in , ,    No comments
Diversos fósseis de dinossauros foram encontrados com marcas e dentes de tubarões. Seria essa uma prova de que os répteis gigantes viraram banquetes no fundo do mar?
Em 2005, no oeste do Kansas, o caçador de fósseis Keith Ewell descobriu nove ossos da cauda de um dinossauro. A disposição em que os ossos se encontravam chamou a atenção. Aquela área, analisando pela sedimentação das rochas, havia sido coberta pelo mar ocidental, e sabe-se que dinossauros não vivem em ambiente marinho, por mais que seus corpos, por vezes, tenham sido arrastados por inundações locais ou sido presos às mandíbulas de carnívoros do mar. No caso do desafortunado hadrossauro em que Keith Ewell esbarrou, ainda podemos analisar marcas de dente pelos ossos. Brian Switek, colunista na National Geographic, conta que os plesiossauros (supostamente o famoso Monstro do Lago Ness) e os mosassaurosforam os principais predadores de répteis, havendo também os tubarões feito a sua parte.
O paleontólogo Michael Everhart, do Museu de História Natural de Sternberg, analisou a cauda do dinossauro junto com Keith Ewell. A ossada do hadrossauro é uma ocorrência rara de dinossauro arrastado para o mar – apenas seis haviam sido encontrados naquela área, conhecida como Smoky Hill Chalk –, pelo menos quatro vértebras apresentavam marcas de dentes que só poderiam ter sido feitas por um tubarão.
Mas qual tubarão? O dente de um tubarão Squalicorax foi descoberto bem abaixo dos ossos da cauda, embora a proximidade não signifique automaticamente que o dente foi parar ali devido ao dinossauro ter servido de alimento. Associação nem sempre implica interação. Na verdade, Michael Everhart e Keith Ewell observaram que as dentadas foram aparentemente feitas por um tubarão de dentes não-serrilhados. O melhor palpite foi a do grande – sério, um dos maiores da época – tubarão Cretoxyrhina, principalmente porque os fragmentos de dentes deste em específico foram encontrados dentro de outros ossos que também mostravam marcas de mordidas. Pelo menos um Cretoxyrhina havia saboreado do hadrossauro.
Mas não é apenas o dinossauro encontrado por Keith Ewell que passou por isso. De acordo com Michael Everhart, quase todos os dinossauros encontrados naquela área do Kansas tinham marcas de mordida espalhadas pela ossada. Um Niobrarasaurus, por exemplo, que é fortemente blindado, tinha marcas de mordida indicando que seus membros posteriores haviam sido destroçados por um tubarão Cretoxyrhina.
Um dente de tubarão Squalicorax associado a um fóssil de dinossauro Aletopelta, insinuando que tubarões podem ter se alimentado da carcaça de dinossauros após estes serem levado para o mar. Foto por Brian Switek.
Dinossauros mordidos por tubarões também foram encontrados em outros tempos e lugares. Embora o pequeno tubarão Squalicorax não tenha criado o dano que Everhat e Ewell tenha visto no hidrossauro do Kansas, em 1997 o paleontólogo David Schwimmer e co-autores mencionaram uma pata de hidrossauro com dentes de Squalicorax embutidos que teria sido encontrada no Alabama, numa pedra de oitenta milhões de anos. E numa reunião do último ano da Sociedade de Paleontologia de Vertebrados, em Carolina do Norte, no ano passado, o paleontólogo Jason Schein, do Museu do Estado de Nova Jersey, apresentou um cartaz sobre o osso de um pequeno hadrossauro de 66 milhões de anos que fora arrancado do restante do corpo por tubarões.
Mas nenhum desses casos aparenta uma mordida de tubarão em um dinossauro vivo. Todos são casos de necrofagia, o consumo de animas já mortos. Apesar de uma nova nota da Discovery News sugerir queSqualicorax e outros tubarões poderiam ter matado dinossauros, não há nada concreto que nos faça pensar que isso seja verdade.
Não há nenhuma evidência sólida de que qualquer dinossauro terrestre tenha sido hábil em nadar nos mares. Áreas como a Smoky Hill Chalk são antigos ambientes marinhos nos quais os dinossauros teriam que nadar distâncias consideráveis para chegar. Pelo que sabemos sobre a biologia dos dinossauros e do contexto geológico dos ossos que foram encontrados, tubarões apenas jantaram dinossauros quando as carcaças destes ocasionalmente foram parar no oceano.
Isso, porém, não significa que dinossauros vivos e tubarões nunca tenham se encontrado. Uma das circunstâncias que levaram à extinção de certos tubarões foi a de nadarem através de rios e lagos, muito antes de dinossauros evoluírem e persistirem até a extinção em massa que fechou o Cretáceo. Até o momento, não há nenhuma indicação de que estes tubarões já atacaram dinossauros, mas essas interações não estão fora das possibilidades.
Leia (em inglês) sobre o assunto no artigo publicado pelo National Geographic.

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